Como estimular o cérebro além da leitura e escrita
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23 / maio / 2025
7 minutos

Quando falamos sobre aprendizagem, muita gente ainda pensa em lápis, caderno e um aluno copiando. Mas quem convive com crianças sabe que aprender é muito mais do que isso. É explorar, tocar, ouvir, sentir, experimentar. O aprendizado real acontece quando os sentidos e o cérebro são estimulados de várias formas e é aí que entra o aprendizado multissensorial.
Essa abordagem parte da ideia de que usar diferentes canais sensoriais ao aprender fortalece as conexões cerebrais, melhora a retenção do conteúdo e torna o processo muito mais significativo. E o mais legal: isso vale para todas as crianças, em qualquer faixa etária.
O cérebro aprende melhor quando é estimulado de várias formas
Cada pessoa tem seu jeito de aprender. Algumas crianças se concentram mais ouvindo, outras precisam ver, muitas aprendem melhor quando colocam a mão na massa. O aprendizado multissensorial respeita essa diversidade e valoriza a combinação entre visão, audição, tato, movimento e até mesmo olfato e paladar em experiências educativas.
Essa estimulação variada ativa diferentes áreas do cérebro, facilitando a compreensão de conceitos e a memorização. Além disso, esse tipo de experiência costuma ser mais prazerosa, o que também aumenta o engajamento e a motivação para aprender.
Não é só leitura e escrita: o cérebro precisa explorar
É claro que ler e escrever são fundamentais. Mas a aprendizagem não pode ficar restrita ao papel. Quando uma criança aprende sobre formas geométricas, por exemplo, ela entende muito melhor se puder construir, tocar, empilhar, desenhar e falar sobre elas, em vez de apenas decorar nomes.
Esse tipo de aprendizado é especialmente importante para alunos com perfis de aprendizagem variados. Crianças com mais energia, que precisam de movimento; aquelas que se distraem com facilidade; ou que têm dificuldades com métodos mais tradicionais, se beneficiam muito de propostas multissensoriais. Elas encontram novos caminhos para entender o conteúdo e ganham mais autonomia para aprender no próprio ritmo.
Exemplos de atividades multissensoriais que funcionam de verdade
Estimular o cérebro de forma multissensorial não exige grandes recursos. Algumas das atividades mais eficazes são simples e muito acessíveis no dia a dia:
- jogos que envolvem movimento e raciocínio
- atividades com massinha, areia, tecidos ou outros materiais com textura
- músicas, cantigas, dramatizações e expressão corporal
- experimentos simples que envolvem cheiros, sabores e diferentes sons
- pintura com os dedos, colagem, criação de histórias em grupo
- brincadeiras que envolvem seguir instruções com o corpo
Tudo isso contribui para que a criança aprenda com o corpo, com os sentidos e com as emoções. E quando o aprendizado envolve emoção, ele se fixa de forma muito mais poderosa.
Como trabalhamos o multissensorial aqui no CERC
No CERC, o aprendizado multissensorial está presente em vários momentos da rotina escolar. A gente entende que o conhecimento precisa ser vivido, não apenas ensinado. Por isso, valorizamos projetos e atividades que envolvem o corpo, a criatividade, o movimento e a curiosidade.
Temos a sala de multimeios, um espaço onde os alunos podem explorar com liberdade e muita criatividade. Lá, as crianças fazem experimentos, participam de aulas de musicalização, têm acesso a livros e vivem momentos especiais em uma pequena biblioteca que desperta o gosto pela leitura desde cedo. É um ambiente pensado para que os sentidos estejam sempre em ação e o aprendizado, também.
Além disso, no nosso programa de ensino integral, os alunos participam de aulas de culinária, que envolvem cheiros, sabores, texturas e habilidades práticas. Cozinhar também é uma forma poderosa de aprender com autonomia, responsabilidade e muito estímulo sensorial.
Nosso projeto natureza viva, por exemplo, aproxima as crianças dos animais e do ambiente natural, despertando o interesse por meio do tato, da escuta e da observação.
Temos também a cultura maker, com oficinas e projetos em que os alunos colocam a mão na massa. Tudo isso colabora para que o cérebro esteja em constante descoberta e o aprendizado faça sentido de verdade.
Os benefícios do aprendizado multissensorial
Não é só sobre tornar a aula mais divertida. O aprendizado multissensorial traz ganhos concretos para o desenvolvimento infantil:
- melhora na atenção e concentração
- maior retenção de conteúdo
- mais envolvimento com a atividade proposta
- fortalecimento de habilidades sociais e emocionais
- estímulo ao pensamento criativo e à resolução de problemas
- mais confiança e autonomia na hora de aprender
Crianças que são estimuladas dessa forma desenvolvem mais prazer em aprender e se sentem mais seguras para explorar o novo. E é exatamente isso que buscamos todos os dias no CERC.
O papel dos pais nesse processo
Esse tipo de estímulo não precisa acontecer só na escola. Os pais podem (e devem!) oferecer experiências multissensoriais em casa também. E não precisa ser complicado. Algumas ideias simples já fazem muita diferença:
- cozinhar juntos
- brincar com tinta, argila ou massinha
- explorar sons, músicas e histórias contadas em voz alta
- brincar com caixas sensoriais
- usar movimentos para representar histórias ou personagens
- fazer passeios ao ar livre com propostas de observação
Mais do que qualquer atividade em si, o mais importante é a presença, o olhar atento e o interesse em participar do processo de descoberta da criança.
Aprender com todos os sentidos é aprender com o corpo, com a mente e com o coração
No CERC, acreditamos que uma escola completa é aquela que respeita o tempo de cada aluno, que entende que existem muitas formas de aprender e que cada uma delas é válida. O aprendizado multissensorial nos ajuda a criar uma experiência de ensino mais rica, mais significativa e muito mais conectada com o desenvolvimento integral das crianças.
Porque educar não é somente ensinar conteúdos, é construir caminhos. E quanto mais sentidos a gente ativa, mais esses caminhos ganham vida.